175 Recreio

Realidade urbana e resistência em “175 Recreio” do ConeCrewDiretoria

“175 Recreio”, do ConeCrewDiretoria, retrata de forma direta o cotidiano do transporte público no Rio de Janeiro, usando a linha de ônibus que liga o Recreio dos Bandeirantes ao centro como símbolo das dificuldades enfrentadas por quem depende desse serviço. O ônibus, mais do que um meio de locomoção, é apresentado como um microcosmo da cidade, onde diferentes realidades sociais se encontram. Trechos como “No busão sofrendo tenho que ir pro centro” e “Preso no engarrafamento na Avenida Niemeyer” mostram o desgaste físico e mental dos passageiros, refletindo a rotina exaustiva de muitos cariocas.

A letra mistura cenas do dia a dia, como vendedores ambulantes, engarrafamentos e abordagens policiais, com críticas sociais e relatos pessoais. A expressão “vejo o Cristo sendo rendido” funciona como uma metáfora para a sensação de insegurança e perda de esperança, mesmo diante de símbolos de fé. Já o verso “Se for pela linha amarela, vista não é bela tem bala perdida” faz referência direta à violência urbana, enquanto “faixa de gaza, na linha de mira” compara certas áreas da cidade a zonas de guerra. O uso de gírias e expressões locais aproxima a música da realidade dos ouvintes, tornando a narrativa autêntica. Além disso, ao incorporar elementos de “In This World” de Moby, o grupo amplia o alcance da mensagem, mostrando que as dificuldades retratadas têm um caráter universal.