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Observo de Cima

ContraForte

Observo de cima o mundão da cabeça aos pés
Me perco nessas linhas, quero rasgar folhas
Sem trocar os papéis
Observo de cima o mundão da cabeça aos pés
Construí umas rimas, pintando velhos quadros
Usando novos pincéis

Globo ocular de cima mirando tudo
O sniper com a caneta deixando vários de luto, puto
Vai achando que eu não frago, esse leão ta engordando
Com aparência de magro

Diz, qual é a cor do partido que te fode
Diz, qual é a sigla da bandeira que te ilude
Quem afia a faca espera que você se corte
Ta até o pescoço atolado nesse chorume

Depois, que aprenderam a mentir honestamente
Ser honesto com mentiras, ta valendo bem mais
Depois, que aprenderam a mentir honestamente
Sempre foram as mentiras mais honestas, carai

Ativaram dementadores desse sistema em curto
Atualizei o dicionário: Chamam de imposto, furto

Tomei partido dentro da esfera mental
Dei partido na revolução poética cultural

Liberdade de verdade sem rótulo, sem título
Apenas você escrevendo os próximos versículos
De estrofe em estrofe, capítulo em capítulo
Somente você, escreve o final do livro

Observando da sacada do prédio
Observando o horizonte
Correndo hoje pra amanhã chegar bem mais longe
Tá ligado?

Observo de cima o mundão da cabeça aos pés
Me perco nessas linhas, quero rasgar folhas
Sem trocar os papéis

Observo de cima o mundão da cabeça aos pés
Construí umas rimas, pintando velhos quadros
Usando novos pincéis

É, e eu vou logo dando o papo
O que eu tenho a dizer é corrosivo
A pane do sistema, o espanto dos ouvidos
De tenta profundidade, cê acaba enterrado vivo
Os fatos são ligados, mas nem tudo é relativo

Preciso do que desconheço
Sei que tudo que o sábio sabe, ainda é só o começo

A mesmice, afasta o desconhecido, e cê sabe
É tudo muito rápido que as coisas acontecem
Quase sempre o coletivo espera que tu tropece
Ou cê fica caído, ou a vida te amadurece

O mundo são dos fortes e dos loucos
Os loucos sempre são fortes
E os fortes sempre acabam ficando loucos

Quero extinguir a raça
E acabar com o ninho de exploradores
Nos dão espinhos e prometem flores
Concentram o poder na mão de tirânicos
E obstruem inovadores

Dominam mentes e querem controlar computadores
Vão se foder enquanto nossas mentes
For os processadores
Não é que nem ensinam os professores
Ninguém regula os reguladores

Debochado o suficiente pra rir da tristeza
Pois sei que o gosto da alegria é passageiro
Transparente o suficiente pra ser verdadeiro
Ligeiro o bastante pra enganar primeiro

Um vagabundo nato, sua mesmice é um pé no saco
Seu certo não acho, não assinei contrato

Zé porva é mato e os de fé nem toda terra nasce
Já que a vida ta um droga
Eu quero a droga que nasce da terra
Deixa solta fumaça e vê se me erra

Um gole do Whisky pra molhar as palavras
A mina do olhar penetrante tragando a baga
Lá fora o mundo, desmoronando
Enquanto a gente se amava
Cê não queria mais nada, eu não queria mais nada

Observo de cima o mundão da cabeça aos pés
Me perco nessas linhas, quero rasgar folhas
Sem trocar os papéis

Observo de cima o mundão da cabeça aos pés
Construí umas rimas, pintando velhos quadros
Usando novos pincéis

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