Tempestade (A Dança do Trovão)

Ritual, esperança e natureza em "Tempestade (A Dança do Trovão)"

"Tempestade (A Dança do Trovão)", do Cordel Do Fogo Encantado, explora a relação intensa entre o sertanejo e a natureza, especialmente diante da seca e da espera pela chuva. A música transforma a tempestade em um ritual coletivo de esperança e resistência, como fica claro no refrão repetitivo: “É de relampiê, é de relampiê, é de relampiá”. Esse trecho funciona como um mantra, evocando a chegada da chuva e celebrando a força vital do trovão, elemento essencial para a sobrevivência no sertão.

A letra traz imagens marcantes, como “Pai estou nessa terra querendo plantar, querendo colher”, que expressam o desejo de fertilidade e a luta diária do povo nordestino contra a aridez. Ao mencionar “homens do ar”, “mulheres do ar”, “crianças do ar” e “velhos do ar” que “sempre mandam recado”, a canção faz referência a ancestrais ou entidades espirituais, reforçando a dimensão mística e a espiritualidade presentes na cultura local. O verso “Se eu pudesse parar os elementos / Se eu pudesse trazer paz ao mau tempo / Mas eu não posso / Não devo / Não quero” mostra a aceitação da impotência humana diante das forças naturais, mas também revela respeito e resignação, reconhecendo a tempestade como parte fundamental do ciclo da vida no sertão.