The Cypher Deffect 2 (part. Kant, Spinardi e Chayco)

Marginalidade e resistência em "The Cypher Deffect 2 (part. Kant, Spinardi e Chayco)"

O videoclipe de "The Cypher Deffect 2 (part. Kant, Spinardi e Chayco)", do Costa Gold, utiliza a estética de um freakshow circense, inspirado no filme "IT – A Coisa", para destacar o rap como um espetáculo de outsiders. Os artistas se apresentam como figuras marginalizadas, assumindo uma postura provocadora diante da sociedade. Essa ambientação reforça temas presentes na letra, como a desconfiança em relação à mídia — “Costa Gold hardcore, pau no da mídia fraude” — e a resistência às normas sociais e ao mercado musical — “Rap de terreiro, só olhar de trauma”. Imagens como “olhei no meio da palma” e menções a traumas mostram o rap como refúgio e arma para quem vive à margem.

A letra mistura críticas sociais, ostentação, cultura pop e vivência de rua. O verso “Eu não sou esquerda nem direita, eu sou o povo” rejeita rótulos políticos, afirmando uma identidade coletiva ligada à periferia. Referências a 2Pac, John Lennon, Peter Parker e Chief Keef mostram o diálogo do rap brasileiro com o hip hop global, sem perder o foco em questões locais, como violência policial e desigualdade — “dei uns trago e gritei: Foda-se a polícia”. O clima de competição e autoafirmação aparece em versos que ironizam rivais e valorizam a experiência de rua — “Bonde do avassalador de prima”, “banca verdadeira com as rima que paga e lota”. O uso de gírias, duplos sentidos e metáforas sexuais reforça o tom provocador, enquanto versos como “Sentindo o tempo inteiro a falta que a família faz” e “Eu tô em perigo, correndo risco tipo John Lennon” trazem reflexões sobre solidão e perigo. Assim, a música se firma como um manifesto de resistência, irreverência e sobrevivência diante de um mundo hostil.