Atordoado

Juventude e sofrimento em "Atordoado" do CPM 22

"Atordoado", do CPM 22, aborda o sofrimento silencioso de jovens diante das pressões e expectativas sociais. A música ganha ainda mais relevância ao ser relacionada, segundo análise da Fiocruz, ao alto índice de suicídio entre jovens no Brasil. O refrão – “Atordoado ele se foi / Dizendo que não aguentou / Cobranças de um mundo o qual não entendeu jamais” – expressa claramente o sentimento de não pertencimento e a dificuldade de lidar com um mundo que parece hostil e incompreensível. Esse trecho reforça o tom de desabafo e confusão emocional que atravessa toda a letra.

A narrativa acompanha alguém que, após tentativas frustradas de encontrar dignidade e respeito, chega ao limite do desespero, como mostram versos como “Desiludida a ponto de tentar tudo apagar de uma só vez” e “Com as mãos vazias / E a mente atormentada a ponto de tudo arriscar”. A participação de Rodrigo Lima, importante nome do hardcore nacional, traz ainda mais autenticidade ao retrato da angústia juvenil. Apesar do clima sombrio, há uma breve sugestão de esperança em “Mas nada pode lhe parar / Voltar a ver o sol nascer”, indicando que, mesmo diante do sofrimento extremo, ainda existe a possibilidade de recomeço. No entanto, a dúvida persiste: “Será que é tarde pra viver?”. Ao tratar de forma direta o sofrimento psíquico, a canção se conecta com muitos ouvintes que enfrentam pressões semelhantes, funcionando como um alerta para a importância do acolhimento e da compreensão.