Morto Vivo

Realidade e esperança em "Morto Vivo" de Criolo

A música "Morto Vivo" de Criolo aborda de forma direta o impacto devastador do vício em drogas, especialmente o crack, nas periferias de São Paulo. Criolo alterna entre o papel de conselheiro e de alguém que também carrega arrependimentos, como mostra nos versos “Eu devia ter falado pra você / Das coisas que passei / E o quanto eu sofri”. Essa abordagem revela não só uma crítica social, mas também uma confissão pessoal, reforçando a autenticidade do relato e a ligação do artista com a realidade retratada.

A letra reflete a vivência de Criolo no Grajaú, dando voz às dificuldades das comunidades marginalizadas. Ele destaca a falta de apoio social (“Ninguém, eu sei / Vai te passar o pano”) e a importância de valorizar a própria vida (“Dê um pouco mais de valor a sua vida”). A música também expõe o estigma enfrentado por quem busca recuperação, como no trecho “Vai ter que vencer / A força da química / Driblar o preconceito e o respeito da família”. Apesar do cenário difícil, há um chamado à esperança e à ação: “Pedir ajuda não é um ato covarde / Mais tarde / Colher novos frutos”. O título "Morto Vivo" resume o estado de quem, mesmo vivo, está emocionalmente e socialmente anulado pelo vício, mas a letra insiste na possibilidade de mudança, mostrando que a luta pela vida é contínua e coletiva.