Subirusdoistiozin

Desigualdade e escolhas em "Subirusdoistiozin" de Criolo

"Subirusdoistiozin", de Criolo, expõe de forma direta o ciclo de jovens das periferias que, mesmo alertados sobre os riscos, acabam entrando para o tráfico de drogas. O título já faz referência a uma expressão popular que simboliza a ascensão de "dois tios" no crime. No verso “Mandei falar, pra não arrastar, não botaram fé, subirusdoistiozin”, Criolo mostra o aviso ignorado e a decisão de seguir um caminho perigoso. O uso de gírias e expressões do cotidiano reforça a ambientação urbana e aproxima a letra da realidade das favelas.

A música faz uma crítica social clara, denunciando a desigualdade e a hipocrisia de quem “tem tudo de bom, e fornece o mal, pra favela morrer”. Criolo aponta a responsabilidade dos que lucram com o sofrimento alheio, incluindo a corrupção de “colarinho branco” citada no final da música. O contraste entre o luxo ostentado (“na garagem um Golf, bonitão na praia de Hornet”) e a vida difícil na favela evidencia as disparidades sociais e a busca por status como forma de sobrevivência. A letra não romantiza o crime, deixando claro que “os perreco vem, os perreco vão”, mostrando que a violência e as perdas são constantes nesse contexto.

A referência a “Babylon cair” conecta a música à cultura reggae e ao sistema opressor, além de dialogar com a versão lançada em 2024 em homenagem ao guitarrista Ernest Ranglin. "Subirusdoistiozin" retrata as escolhas difíceis em contextos de vulnerabilidade, critica o sistema e as ilusões de ascensão rápida, e mostra a desconfiança e as armadilhas presentes nas ruas das grandes cidades.