Sétimo Templário

Violência e resistência em "Sétimo Templário" de Criolo

Em "Sétimo Templário", Criolo faz uma crítica direta às estruturas de poder que perpetuam a opressão e a violência no Brasil. O título sugere que essas dinâmicas são antigas, anteriores até mesmo às ordens históricas conhecidas, e continuam se renovando sob diferentes formas. Criolo utiliza imagens como “um rei, um frade e um mago” e “um olho que sangra a lança” para simbolizar a aliança entre poder político, religioso e místico, todos envolvidos na manutenção de sistemas de exclusão e violência. O artista também destaca como a política é usada para devastar territórios e vidas, especialmente de populações vulneráveis.

A letra traz denúncias explícitas à banalização da violência e ao racismo estrutural. Nos versos “Um presidente que diz plau depois pergunta: Isso é matança?” e “Slogan do governo é: Vou cuidar dessa criança (mas se ver a pele preta, vai matar essa criança)”, Criolo expõe a hipocrisia das autoridades e a seletividade do cuidado estatal, que protege uns e extermina outros, principalmente crianças negras. O trecho “Quando o racismo vira voto, a morte dropa na infância” liga o avanço de discursos racistas na política ao aumento da violência letal contra jovens negros. Referências como “a última voz indígena assassinada de forma esdrúxula” ampliam a crítica para o genocídio indígena e a destruição ambiental, temas que o próprio Criolo já declarou serem centrais na música.

Além da crítica social, a música aborda o impacto psicológico desse cenário. Versos como “depressão é melodia inquilina morta de fome / que se alimenta da minha alma” mostram como a desesperança coletiva se transforma em sofrimento individual. Ao final, Criolo revela sua própria vulnerabilidade: “De solidão aqui jaz Kleber, na depressão Criolo caminha”. Assim, "Sétimo Templário" se destaca como um manifesto contra a indiferença, a violência e o racismo, usando metáforas históricas e referências culturais para denunciar as feridas abertas do Brasil contemporâneo.