Contraponto

Equilíbrio de opostos na identidade gaúcha em “Contraponto”

A música “Contraponto”, de Cristiano Quevedo, explora como a identidade do gaúcho é formada pela convivência de opostos que se complementam. A letra destaca tanto a bravura e o desejo de liberdade quanto a simplicidade e o respeito às tradições. Por exemplo, ao citar “alçar a perna” e “mirar ao longe o horizonte largo”, a canção transmite o espírito aventureiro e livre do gaúcho. Já expressões como “beber auroras” e “cevar a alma pra sorver o amargo” remetem à contemplação e à aceitação das dificuldades da vida no campo, mostrando que força e sensibilidade caminham juntas.

O termo “contraponto” aparece em cada estrofe para reforçar o equilíbrio entre extremos. A coragem de “pelear de adaga” é equilibrada pela humildade de “ajuntar terneiros” e “acenar aos velhos”. O contexto cultural da música evidencia que esses contrastes são essenciais para o gaúcho: a busca pelo novo não exclui o valor de manter a família e as raízes próximas, como em “ter prenda e filhos / E ficar tordilho ao redor das casa”. Assim, “Contraponto” constrói um retrato rico do gaúcho, mostrando que tradição e renovação, força e ternura, coexistem e se completam no dia a dia do homem do campo.