3OK

Resistência e autenticidade em "3OK" de Crônicas de Um Babaca

A música "3OK" de Crônicas de Um Babaca traz uma mensagem forte de resistência e autenticidade, rejeitando padrões impostos tanto pela sociedade quanto pela própria cena musical. O verso “Não sigo o fluxo nem seu popstar, mano” deixa claro o desprezo do artista pelo conformismo e pela busca de aceitação, enquanto o uso repetido de “fuck you” (foda-se você) funciona como uma recusa direta a quem tenta enquadrar ou julgar seu estilo de vida. A referência à “camisa xadrez, dreadlock, antes dessa porra virar pop” demonstra orgulho de ter vivido e representado a cultura hip-hop antes dela ser apropriada pelo mainstream, valorizando a originalidade e as raízes do movimento.

A letra também mergulha na vivência urbana da Zona Norte, provavelmente de São Paulo, trazendo elementos do cotidiano periférico, como a menção ao “pren pren” (gíria para maconha) e à dinâmica de vender para “boy” (jovens de classe média/alta). Isso evidencia o contraste entre diferentes realidades sociais. O verso “Ouvi dizer que liberdade não se negocia” reforça a ideia de independência e sobrevivência em um ambiente hostil, onde a violência e a necessidade de se impor são constantes. Ao citar “minha quadrilha, tipo Al Capone”, o artista faz um paralelo entre sua rede de apoio e figuras lendárias do crime, não para glamourizar, mas para mostrar a lealdade e o código de conduta do grupo. Com um tom direto e influências do boombap clássico, a música constrói uma narrativa autêntica sobre identidade, resistência e a dureza da vida na quebrada.