Sem Entender Porque Eu Ainda Faço Rap

Desabafo e crítica social em "Sem Entender Porque Eu Ainda Faço Rap"

Em "Sem Entender Porque Eu Ainda Faço Rap", Crônicas de Um Babaca expõe de forma direta sua frustração com o mercado musical e a própria cena do rap. O verso “O mercado é feio / Eu nem queria tá no meio” mostra o desconforto do artista com a indústria, reforçando o tom autocrítico e irônico que marca o projeto. A referência à cantora Marina Sena — “Eu escuto Marina Sena / É bem melhor que qualquer rap desse meio” — funciona como uma crítica à falta de originalidade no rap atual, ao mesmo tempo em que revela a busca do artista por autenticidade e novidade em sua produção.

A música também aborda temas pessoais e sociais, como dificuldades financeiras, saúde mental e exclusão. Trechos como “Depressão é a pior merda / Eu só me excluo, mas faz parte / A vida é puta, sem dinheiro pra gozar” misturam ironia e sinceridade ao tratar de rotina desregrada, relações afetivas desgastadas e o sentimento de invisibilidade social — “Incrível como a gente é invisível / Em loja cara, ambiente alto nível”. O uso de metáforas, como “Meu cachorro é um 38 / Faz barulho igual um míssil”, reforça o tom irreverente e crítico. Menções a figuras como Bolsonaro e Elon Musk evidenciam o desprezo do artista por autoridades e ricos insensíveis. O encerramento, com saudações a “vagabundo”, “sonhador” e críticas à “família tradicional”, reafirma o posicionamento político e social do artista, transformando a música em um manifesto de resistência e autenticidade.