Solidão

A ironia da juventude urbana em "Solidão"

A música "Solidão" de Crônicas de Um Babaca aborda de forma direta e irônica como o sentimento de solidão pode persistir mesmo em meio à companhia ou ao prazer. Nos versos “Solidão no quarto / Solidão num dia ensolarado / Solidão fumando um baseado / Solidão por solidão / Solidão dirigindo esse carro / Solidão até acompanhado”, o artista mostra que o isolamento é uma condição interna, não necessariamente ligada ao ambiente ou à presença de outras pessoas. O tédio, o uso de substâncias e as relações superficiais reforçam esse sentimento, criando um retrato de insatisfação constante.

O tom sarcástico aparece em versos como “Cura minha angústia com tua bunda / Mata todo o tédio da segunda”, onde o eu lírico busca alívio em prazeres passageiros, mas sem encontrar sentido duradouro. Expressões como “Fumando muito pra morrer em paz” e “Plantas pra poder anestesiar, viver” revelam o uso de drogas como tentativa de lidar com a angústia, algo que o artista já comentou em entrevistas e que faz parte da proposta cínica do projeto. A repetição da palavra "solidão" reforça a ideia de que esse sentimento é constante e multifacetado, presente tanto em festas quanto em momentos de introspecção. Versos como “Ela acha bonito eu ser quebrado / Eu só acho ela bonita então é válido” ironizam a romantização do sofrimento e das relações rasas, enquanto “Minha depressão não é carência / É como se eu tivesse te entendendo / Só que eu não tô / Mas é como se eu tivesse então é válido” expõe a dificuldade de conexão real. Assim, a música constrói um retrato honesto e desiludido da juventude urbana, marcada por tentativas frustradas de preencher o vazio existencial.