Viver Tá Osso

Ironia e desabafo sobre saúde mental em “Viver Tá Osso”

“Viver Tá Osso”, do Crônicas de Um Babaca, usa ironia e sarcasmo para abordar o peso da vida cotidiana e as dificuldades emocionais. Logo nos primeiros versos, o personagem recorre a comportamentos autodestrutivos e faz piada da própria situação: “A válvula de escape / É ser um filha da puta / Alugo uma picape / Vo' fugir pra Cuba”. O uso de exageros e referências como “bolando droga em livro de auto ajuda” destaca o contraste entre o discurso de autoaperfeiçoamento e a realidade de quem se sente à margem. Segundo o próprio artista, a música é um desabafo sobre saúde mental e desilusão, o que fica claro no refrão repetido “Viver tá osso”, funcionando como um mantra resignado diante das dificuldades do dia a dia.

A letra também fala sobre relações superficiais e isolamento, como em “Ela me chamou de amor / Mas nem quer saber se eu tô bem”, mostrando a falta de empatia nas conexões atuais. O personagem se reconhece como falido e deslocado, mas encara isso com autodepreciação e certo orgulho, reforçando o tom irreverente do projeto. Trechos como “Meu flow é tão sujo / Vivo essa novela / Eu sou o último marujo” trazem a ideia de resistência solitária, enquanto críticas sociais aparecem em frases como “A culpa consome demais um cristão / Abraço é ruim / Quando é dado por educação”. Ao adotar a persona de um cachorro 3D, o artista amplia o distanciamento e a ironia, tornando o desabafo mais universal, mas sem perder a força do relato sobre as dores e contradições de viver na sociedade atual.