Ya No Sé Qué Hacer Conmigo

Humor e busca por sentido em “Ya No Sé Qué Hacer Conmigo”

“Ya No Sé Qué Hacer Conmigo”, do El Cuarteto de Nos, explora de forma irônica a busca incessante por sentido e identidade. A letra apresenta um inventário caótico de experiências vividas pelo protagonista, que vão desde situações cotidianas até aventuras inusitadas, como “planté café en Nicaragua” (plantei café na Nicarágua) e “me tatué al Che en una nalga” (tatuei o Che em uma nádega). O humor e a autocrítica marcam a canção, que também traz referências culturais e históricas, tornando o personagem multifacetado e próximo do ouvinte. Roberto Musso, vocalista e compositor, já afirmou que muitas dessas situações são inspiradas em sua própria vida, o que dá um tom autobiográfico e ainda mais divertido à música.

A canção brinca com a ideia de uma identidade em constante transformação, mas que, no fundo, permanece presa a um ciclo de insatisfação. As citações a autores como Arthur Conan Doyle, André Breton e Molière reforçam a busca do personagem por respostas em diferentes áreas do conhecimento. O refrão, “Vos siempre cambiando, ¡ya no cambiás más!” (“Você sempre mudando, já não muda mais!”), evidencia a contradição central: mudar tanto pode ser apenas outra forma de continuar igual. Assim, a música faz uma crítica bem-humorada à ansiedade contemporânea de se reinventar, mostrando que, apesar de todas as tentativas, a resposta para o que fazer consigo mesmo continua indefinida.