Invierno del 92

Solidão e sarcasmo em "Invierno del 92" do El Cuarteto de Nos

"Invierno del 92", do El Cuarteto de Nos, usa o frio intenso como metáfora para o desconforto emocional e social. A música transforma situações comuns em episódios absurdos, como quando o narrador diz: “Mi cuerpo ya no era el mío” (Meu corpo já não era meu), exagerando o impacto do inverno para destacar o sentimento de alienação. O encontro com a “rubia” no ônibus reforça o tom sarcástico, mostrando interações sociais frias e desajeitadas. Ao chamar a mulher de “otra rubia tarada” e ironizar seu comportamento paranoico com “Soñas que te sigue un paparazzi... pareces un nazi” (Você sonha que está sendo seguida por um paparazzi... parece uma nazista), o narrador critica tanto a si mesmo quanto aos outros, expondo a solidão e o distanciamento nas relações.

A letra também faz críticas sociais, como na cena do “ecologista cheto” que se recusa a dividir o cobertor porque “dormía su conejito” (seu coelhinho estava dormindo), apontando a hipocrisia de quem se diz preocupado com o mundo, mas ignora o próximo. O humor negro aparece ao relatar o atropelamento de um menino e ao dizer “lo que mata es la humedad” (o que mata é a umidade), minimizando tragédias reais com frases banais. O refrão “Alguien que de calor, le pido por favor, maldito invierno del 92” (Alguém que me dê calor, peço por favor, maldito inverno de 92) resume o desejo por conforto em tempos difíceis, sempre com sarcasmo. No final, a espera pela primavera é mais resignação do que esperança, mostrando que o narrador segue tentando se aquecer em meio ao desamparo e à ironia.