Esplín

Reflexão sobre melancolia e resiliência em “Esplín”

A música “Esplín”, do El Cuarteto de Nos, traz o conceito do "spleen" de Baudelaire para o cotidiano, mostrando como o tédio existencial e a melancolia podem ser experiências constantes e intensas. Imagens como “bomba de tempo” e “alarme insistente” ilustram a recorrência desses sentimentos, que aparecem de forma imprevisível e impactam profundamente a vida do narrador. A letra destaca que o esplín não é apenas um momento passageiro, mas algo que pode “clavar su estaca por dentro” e deixar tudo “roto” novamente, sugerindo um ciclo de reconstrução e recaída emocional.

O tom da música é introspectivo e irônico, especialmente ao afirmar: “sanar es aprender a convivir con lo que nunca vamos a curar” (“curar é aprender a conviver com o que nunca vamos curar”). Essa frase revela uma aceitação madura da própria vulnerabilidade, sem negar a dor ou se vitimizar. A referência direta a Baudelaire no final da canção conecta o sofrimento pessoal do narrador a uma tradição artística mais ampla. O refrão repetitivo e os sons como “crack-crack” e “bip-bip” reforçam a sensação de repetição e inevitabilidade. Já a frase “aunque sé que no lo he vencido, esta batalla, la he ganado” (“embora eu saiba que não o venci, esta batalha eu ganhei”) mostra pequenas vitórias diante desse “dañino visitante” (“visitante nocivo”). Assim, “Esplín” fala sobre honestidade emocional e resiliência, mostrando que, mesmo sem cura definitiva, é possível seguir em frente e encontrar sentido ao lidar com a própria dor.