Mario Neta

Crítica ao consumismo e rotina em “Mario Neta”

O título “Mario Neta”, um trocadilho com “marioneta”, já indica a crítica principal da música do El Cuarteto de Nos: a sensação de ser manipulado pelas pressões do consumismo e da rotina moderna. A letra apresenta um personagem que, mesmo dirigindo sua velha van branca, sente-se preso a um ciclo de trabalho, consumo e distrações superficiais. Isso fica claro no verso “Trabajando duro, ganando el dinero / Y comprar lo que no sé si necesito pero quiero” (Trabalhando duro, ganhando dinheiro / E comprando o que não sei se preciso, mas quero), que resume a alienação de quem trabalha para adquirir coisas que talvez nem deseje de verdade, mas sente necessidade por influência externa.

A música adota um tom irônico ao mostrar que, apesar de estar sempre correndo, o personagem admite “no tengo apuro” (não tenho pressa), revelando a falta de propósito real nessa correria. A crítica se aprofunda ao citar como “las marcas, las redes o la televisión” (as marcas, as redes ou a televisão) exigem participação constante, criando “pseudoactividades” que só satisfazem vontades alheias. O despertador gritando “¡Marioneta! ¡Son las siete! ¡Levantate!” (Marionete! São sete horas! Levante-se!) reforça a ideia de que a rotina transforma as pessoas em autômatos. O trecho “Sé que el silencio es a veces violento / Pero estoy dudando si no será necesario / Escuchar un poco más lo que pienso / Y apagar un rato la radio” (Sei que o silêncio às vezes é violento / Mas estou em dúvida se não será necessário / Ouvir um pouco mais o que penso / E desligar um pouco o rádio) sugere a importância de buscar momentos de reflexão e autenticidade, desconectando-se das pressões externas. Assim, “Mario Neta” faz uma crítica direta à sociedade contemporânea, mostrando como ela nos transforma em marionetes do consumo e da distração, mas também aponta para a necessidade de reconexão consigo mesmo.