Forças do Submundo (part. IKU THE KID e YUNG EXU)

Realidade e resistência em “Forças do Submundo” de D$ Luqi

“Forças do Submundo (part. IKU THE KID e YUNG EXU)”, de D$ Luqi, começa destacando a imprevisibilidade e brutalidade do ambiente retratado, inspirado na fala de Alfred em "Batman: O Cavaleiro das Trevas" sobre pessoas que só querem ver o "circo pegar fogo". Essa referência reforça o clima caótico e violento da faixa, alinhando-se à atmosfera agressiva e autêntica do álbum "BLACK LAMEN".

A letra mergulha em experiências pessoais marcadas por traumas familiares, violência e sobrevivência nas periferias. Trechos como “Minha coroa é superprotetora porque sabe o filho que tem / O filho dela quase levou um filho de alguém / Mas ela perdeu um filho também, o karma não falha” mostram o ciclo de dor e vingança que atravessa gerações, evidenciando como a violência atinge inocentes e perpetua sofrimentos. D$ Luqi expõe sua formação influenciada pelo crime, música proibida e relações familiares difíceis, como em “A violência verbal da minha mãe, a física do meu pai / Revolta do meu outro pai que já foi embora / Com tiro na cara, na perna e nas costa'”. Essa honestidade crua reforça a autenticidade do rap e sua função de denúncia social.

A crítica social se intensifica ao abordar racismo, desigualdade e marginalização. Ao dizer “Nego tão preto que até meu cartão é black / Eu causo traumas, por isso que ninguém me esquece”, D$ Luqi afirma sua identidade negra e denuncia o preconceito. A recusa em ser comparado a artistas brancos ou "divas pop" reforça a busca por respeito e reconhecimento. O refrão “Orgulho de ser neguinho e não mais um branquelo” sintetiza a autoafirmação e resistência, consolidando a música como um manifesto de sobrevivência e denúncia das realidades das periferias.