Amor, Escárnio e Maldizer

Crítica social e tradição em “Amor, Escárnio e Maldizer”

“Amor, Escárnio e Maldizer”, da Da Weasel, faz uma ponte entre a tradição trovadoresca medieval e a crítica social urbana contemporânea. O título faz referência direta às "Cantigas de Amor, Escárnio e Maldizer", sugerindo desde o início a mistura entre passado e presente. A letra reforça essa ideia ao apresentar "Amor, Escárnio e Maldizer" como "os pratos do dia", indicando que a banda oferece ao público doses equilibradas de sentimento, ironia e crítica, assim como faziam os jograis medievais, mas com uma abordagem direta e atual.

A música alterna entre a celebração da autenticidade e a denúncia das hipocrisias do meio artístico e social. Trechos como “editoras nem me falem delas, piores do que cadelas / Com o cio fodem quem podem, mas eu tenho um par de trelas” usam linguagem crua para expor a exploração e falsidade no mercado musical. Já “A amizade não se vende, ninguém te ensinou valores?” destaca a importância de princípios e lealdade. O verso “Haja orgulho na cultura nacional / Para além do futebol providencial” critica a limitação do orgulho português ao futebol, defendendo uma valorização mais ampla da cultura. Por fim, “Haja coragem de mandar pra a prisão de uma vez por todas / Quem o merece, e nós sabemos quem merece, de fato (e gravata)” aponta para a impunidade de figuras poderosas, sugerindo uma crítica política direta.

Combinando hip-hop, elementos clássicos e colaborações diversas, a música se apresenta como um manifesto de resistência, misturando amor à arte, escárnio das estruturas de poder e maldizer das injustiças, refletindo a sociedade portuguesa e a identidade da banda.