exibições de letras 24

Cicatrizes de Concreto

Dado Ziul

Letra

    Nas vielas apertadas, o suor no rosto queima
    Onde o futuro é curto e a miséria te condena
    Criança na esquina, já brinca de guerreiro
    O sonho é ter um fuzil, não mais um travesseiro

    A droga circula fácil, é o ouro da favela
    Enquanto o sangue escorre, irmão, ninguém mais zela
    Corpo no chão, é só mais um na estatística
    Pra polícia corrupta, vida é só uma ficha

    Mente vazia, só quer ganhar poder
    O moleque quer ser o dono, o chefe do morro, sem se perder
    Cocaína nas festas, funk alto até a Lua
    E no beco escuro, alguém paga com a sua

    Favela grita, o som do sofrimento é claro
    Entre o sonho e a bala, quem sai ileso é raro
    Violência é rotina, irmão, ninguém se ilude
    Aqui o pecado é viver, a sentença é ser rude

    A mulher na favela é forte, mas sofre sozinha
    Entre o fogo cruzado e o assédio na linha
    Relação a troco de grana, não tem escolha
    Se vender ou morrer, essa é a cartilha que se colha

    Na cama o desejo se mistura com medo
    O prazer é fugaz, mas o pavor é segredo
    Entre tiros e corpos, não tem espaço pra amar
    Cada esquina um bordel, só resta se calar

    O menino cresce rápido, vira homem na marra
    Aprende na rua que a sorte é quem dispara
    Sexo fácil, dinheiro sujo, sem futuro
    A vida vai passando enquanto ele atira no escuro

    Favela grita, o som do sofrimento é claro
    Entre o sonho e a bala, quem sai ileso é raro
    Violência é rotina, irmão, ninguém se ilude
    Aqui o pecado é viver, a sentença é ser rude

    O ciclo se repete, é miséria sem fim
    Quem ganha é quem mata, quem sobrevive é assim
    O barraco tá lotado, a TV mostra ilusão
    Enquanto no morro o terror é a missão

    O governo não sobe, só desce pra fazer cena
    Promessa na eleição, mas depois ninguém mais pena
    O menino sonha com grana, quer o carrão
    Mas pra isso tem que matar, ser leal à facção

    Moleque franzino, fuzil nas costas
    Do lado dos “grande”, ele segue a aposta
    Na esquina tem a boca, na pista tem o bonde
    Na mente tem o medo, mas o crime responde

    Pra quem cresce aqui, irmão, o futuro é bandido
    Ou morre no chão ou termina iludido
    A paz é um sonho, distante da favela
    Enquanto o baile rola, a guerra não cessa

    Favela grita, o som do sofrimento é claro
    Entre o sonho e a bala, quem sai ileso é raro
    Violência é rotina, irmão, ninguém se ilude
    Aqui o pecado é viver, a sentença é ser rude

    E a favela respira, mas sufoca no veneno
    Cada esquina uma escolha, um futuro pequeno
    A vida vale pouco, aqui quem manda é o aço
    Sobreviver é a meta, no meio desse espaço

    O amor se perde, a dor é constante
    Na selva de concreto, ninguém é mais gigante
    Se olha no espelho, vê o que cê se tornou
    Na favela o poder mata, o sonho se apagou

    Composição: Luiz Eduardo de Carvalho Costa. Essa informação está errada? Nos avise.

    Comentários

    Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra

    0 / 500

    Faça parte  dessa comunidade 

    Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Dado Ziul e vá além da letra da música.

    Conheça o Letras Academy

    Enviar para a central de dúvidas?

    Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.

    Fixe este conteúdo com a aula:

    0 / 500

    Opções de seleção