Drift

A filosofia do desapego e incerteza em “Drift” de Daisuke Ishiwatari

A música “Drift”, de Daisuke Ishiwatari, explora a ideia de que buscar respostas pode ser uma tarefa passageira e até sem sentido, como mostram os versos “It took me 10 years to find the answers to something / I forgot about it in 2 seconds” (“Levei 10 anos para encontrar as respostas para algo / Esqueci disso em 2 segundos”). Esse desapego ao significado e à importância das coisas reflete a personalidade de Happy Chaos, personagem de “Guilty Gear -STRIVE-”, cuja essência está ligada ao caos e à ausência de um propósito fixo. A letra sugere que, ao abrir mão da necessidade de conclusões e se deixar levar pelo fluxo da vida, é possível enxergar beleza em tudo: “I don't have anything that's really important to me / That's why everything is beautiful” (“Não tenho nada que seja realmente importante para mim / Por isso tudo é bonito”).

O refrão reforça essa entrega ao desconhecido, usando o mar negro como metáfora para a imensidão e a fusão entre o finito e o infinito: “I drift tonight carried by the waves / I will just be a black sea / I drift tonight a finite one / And the infinite one” (“Eu flutuo esta noite levado pelas ondas / Eu serei apenas um mar negro / Eu flutuo esta noite, um finito / E o infinito”). O mar negro simboliza a aceitação da incerteza, onde o indivíduo se dissolve e se torna parte de algo maior. Frases repetidas como “Yeah baby, right right right right right right” e perguntas como “Which way should we drive/go” (“Para onde devemos dirigir/ir”) reforçam a sensação de desorientação intencional, convidando à contemplação e ao desapego. A música também aborda a multiplicidade de perspectivas e a relatividade da verdade, como em “200 eyes on me, 600 of me / The truth is not always real / I don't want any conclusions” (“200 olhos em mim, 600 de mim / A verdade nem sempre é real / Não quero conclusões”). Assim, “Drift” propõe que aceitar a incerteza e a mudança constante pode levar a uma liberdade genuína, onde se “flutuar” não é perder-se, mas sim uma forma plena de existir.