Proibido o Carnaval (part. Caetano Veloso)

Liberdade e resistência em “Proibido o Carnaval” de Daniela Mercury

“Proibido o Carnaval (part. Caetano Veloso)” de Daniela Mercury é uma resposta direta às tentativas de limitar a liberdade cultural e de expressão no Brasil, especialmente em períodos de discursos conservadores. O título já carrega ironia, e versos como “Vai de rosa ou vai de azul?” fazem referência à fala da ministra Damares Alves sobre cores de roupas para meninos e meninas, transformando uma imposição de gênero em provocação e convite à diversidade. Ao repetir “Está proibido o Carnaval / Nesse país tropical”, a música escancara o absurdo de tentar reprimir uma das maiores festas populares do país, usando o tom festivo do axé e do frevo para reforçar a resistência.

A letra celebra a liberdade individual e coletiva, com imagens como “Tô no meio da rua, tô louca / Tô no meio da rua sem roupa”, que evocam a ousadia do Carnaval e a recusa em aceitar limitações impostas. O refrão “Abra a porta desse armário / Que alegria cura, venha me beijar” é um chamado à liberdade LGBTQIA+, reforçado pelo videoclipe dedicado a Jean Wyllys, símbolo da luta por direitos dessa comunidade. Referências como “Filhos de Gandhi”, “Stonewall”, “Quilombola, Tupinambá” e “Salvador é a nova Grécia” conectam a resistência atual a lutas históricas por liberdade e igualdade. Ao brincar com frases como “Minha alma não tem tampinha / Minha alma não tem roupinha / Minha alma só tem asinha”, a música sugere que a essência humana não pode ser contida. O final, com “proibido? Tá proibido proibir”, ecoa o espírito tropicalista de Caetano Veloso, reafirmando que cultura, alegria e liberdade não podem ser proibidas.