Kathaarian Life Code

Ruptura e rebeldia espiritual em “Kathaarian Life Code”

Em “Kathaarian Life Code”, o Darkthrone utiliza referências aos cátaros — grupo medieval associado à pureza e à heresia — para propor uma ideia de pureza desvinculada da moralidade tradicional. Aqui, a pureza está ligada à rejeição dos dogmas religiosos e à busca por uma existência autêntica, mesmo que envolva elementos sombrios. A presença de figuras como Baphomet e Caim, símbolos clássicos de rebeldia e transgressão, reforça o tom de desafio espiritual e ruptura com valores estabelecidos.

A letra cria um cenário de ritual noturno e desolado, com imagens como “Coyotes Feel the Cold Wave of The Dark” (“Coiotes sentem a onda fria da escuridão”) e “Red Eyes eats through The Vast Nocturnal Landscape” (“Olhos vermelhos devoram a vasta paisagem noturna”), transmitindo isolamento, vigilância e forças ocultas. O trecho “Baphomet in Steel / For the Flesh of Cain / A Throne made by remains / Of 12 holy Disciples” (“Baphomet em aço / Pela carne de Caim / Um trono feito dos restos / Dos 12 santos discípulos”) inverte símbolos cristãos: Baphomet, ligado ao conhecimento proibido, se une a Caim, o primeiro rebelde bíblico, enquanto o trono feito dos discípulos sugere a destruição da ordem religiosa tradicional. O surgimento de “novos discípulos” sob a lua do deserto, unidos por “diabolic forces” (“forças diabólicas”), indica a formação de uma nova irmandade baseada em saberes ocultos e transgressão.

No final, versos como “each Beast of the Land / Took its own way in Living” (“cada besta da terra seguiu seu próprio caminho de viver”) e a profanação dos “Seven forbidden things” (“sete coisas proibidas”) reforçam a ideia de libertação individual e rejeição de tabus. O contexto do álbum, dedicado a Euronymous e marcando a transição do Darkthrone para o black metal, se reflete na celebração da rebeldia, do ocultismo e da busca por autenticidade, temas centrais do gênero e da cena norueguesa da época.