Lazarus

Reflexão sobre mortalidade e legado em "Lazarus" de David Bowie

O título "Lazarus" já indica a intenção de David Bowie de abordar temas como ressurreição e legado, especialmente diante do contexto de sua doença terminal. Logo no início, ao cantar “Look up here, I’m in heaven” (Olhe para cima, estou no céu), Bowie faz referência direta à sua própria mortalidade, sugerindo que já se encontra em um estado de transcendência. O verso “I’ve got scars that can’t be seen” (Tenho cicatrizes que não podem ser vistas) reforça a ideia de feridas internas, tanto físicas quanto emocionais, que só vieram à tona com o anúncio de sua morte. Essa vulnerabilidade também aparece no videoclipe, onde Bowie está deitado em uma cama de hospital, simbolizando sua fragilidade naquele momento.

A letra alterna entre lembranças de sucesso e uma aceitação tranquila do fim, como em “By the time I got to New York / I was living like a king / Then I used up all my money” (Quando cheguei a Nova York / Eu vivia como um rei / Depois gastei todo o meu dinheiro). Aqui, ele revisita momentos de glória e decadência, reconhecendo a transitoriedade da fama e da vida. O refrão “I’ll be free / Just like that bluebird” (Serei livre / Como aquele pássaro azul) usa a imagem do pássaro azul como símbolo de libertação, sugerindo que a morte representa liberdade para ele. O nome "Lazarus" também aponta para a ideia de que, mesmo após sua morte física, Bowie continuará "ressuscitando" por meio de sua arte, eternizando-se na memória coletiva. Assim, "Lazarus" se torna um testamento artístico e pessoal, no qual Bowie se despede dos fãs com honestidade e dignidade.