Luck And Strange

Reflexão sobre tempo e legado em “Luck And Strange”

A faixa “Luck And Strange”, de David Gilmour, ganha um significado especial com a presença póstuma de Richard Wright nos teclados, gravados em 2007 e incorporados à música. Essa colaboração não só homenageia Wright, mas também reforça o sentimento de nostalgia e reflexão sobre o tempo, marcando a ligação entre o passado do Pink Floyd e o presente de Gilmour. O uso dessas gravações transforma a canção em um tributo à amizade, à criatividade compartilhada e à consciência da mortalidade, temas que sempre estiveram presentes na trajetória dos dois músicos.

A letra, escrita por Polly Samson, aborda o envelhecimento, as memórias e a incerteza sobre o futuro. Versos como “It was a fine time to be born” (Foi uma boa época para nascer) e “Six-string masters of an expanding universe” (Mestres das seis cordas de um universo em expansão) remetem à juventude, liberdade e otimismo. Já o trecho “let’s hope it’s not just luck and strange / A one-off peaceful golden age” (espero que não seja apenas sorte e estranheza / Uma era dourada pacífica e única) revela a preocupação de que esses momentos felizes possam ter sido únicos. A expressão “theatre of my soul” (teatro da minha alma) sugere que a vida é um palco de emoções, enquanto a menção ao “curtain call” (chamada final) reforça a ideia de finitude, mas também de renovação, já que “morning always comes” (a manhã sempre chega) traz esperança. No fim, a valorização do presente e das relações humanas aparece em “Time for this mortal man to love the child that holds my hand / And the woman who smiles when I embrace her”, mostrando uma aceitação serena do tempo e da transitoriedade da vida.