Scattered

Reflexão sobre o tempo e a memória em “Scattered”

Em “Scattered”, David Gilmour explora a sensação de impotência diante do tempo, usando a imagem de um homem parado em um rio, tentando resistir à correnteza. Essa metáfora, inspirada na história do rei Canuto tentando conter a maré, destaca como o tempo segue seu curso, indiferente aos nossos esforços para controlá-lo. A referência direta ao rei Canuto reforça a ideia de que, por mais que tentemos, não conseguimos impedir o avanço do tempo.

A letra alterna entre lembranças afetuosas e a aceitação melancólica da passagem dos dias. Trechos como “these days slowing down / a whole life in a glance” (“esses dias desacelerando / uma vida inteira em um olhar”) e “these grains of sand” (“esses grãos de areia”) ressaltam a fragilidade dos momentos e como eles escapam facilmente, como areia entre os dedos. A colaboração de Polly Samson e Charlie Gilmour na composição traz um tom íntimo e familiar, sugerindo que essa reflexão sobre o tempo é compartilhada entre gerações. O verso “Time is a tide that disobeys / It disobeys me” (“O tempo é uma maré que desobedece / Ele me desobedece”) resume a aceitação serena de que não podemos controlar o tempo. No fim, a música transmite gratidão pelos momentos vividos, mesmo sabendo que são passageiros e acabam se dispersando, assim como grãos de areia.