Nunca

Crítica à exclusão social em "Nunca" de Los Refugios Tiernos

"Nunca", da banda Los Refugios Tiernos, faz uma crítica direta à hipocrisia do chamado sonho americano, especialmente no contexto da imigração e exclusão social nos Estados Unidos. Logo no início, a música subverte o símbolo da Estátua da Liberdade, tradicionalmente vista como acolhedora, ao afirmar: “the brazen giant, within the stride / Blocks the golden door, to the US of Lies” (o gigante audacioso, em sua passada / Bloqueia a porta dourada, para os EUA das mentiras). Essa referência deixa claro que a promessa de esperança foi traída, e a crítica se volta para as políticas de imigração que contradizem o ideal de receber os oprimidos e marginalizados. O verso “Fuck your huddled masses / Scrub our floors, cut our grasses” (Que se danem suas massas amontoadas / Limpem nossos pisos, cortem nossas gramas) denuncia o tratamento utilitarista e desumanizador dado aos imigrantes, reduzidos a mão de obra barata e invisível.

A letra também utiliza a imagem do lobo solitário: “I am a wolf, a wild cur / Cut from the pack, with blood on my fur” (Sou um lobo, um vira-lata selvagem / Separado da matilha, com sangue no meu pelo), simbolizando a resiliência e a força de quem é excluído, mas também as marcas da violência e da luta. O trecho “Cause a beaten dog / Never forgets” (Porque um cachorro espancado / Nunca esquece) reforça a ideia de que as injustiças deixam cicatrizes profundas. A música ainda critica a estrutura política dos EUA, como em “That Bill of Rights was just a pyramid scheme” (Aquela Declaração de Direitos era só um esquema de pirâmide), sugerindo que os direitos prometidos são ilusórios para as minorias. Ao afirmar “Go build your walls / We own the majority” (Vão construir seus muros / Nós somos a maioria), a canção desafia a retórica xenofóbica e reafirma a força das comunidades marginalizadas. O tom de protesto e resistência permeia toda a faixa, tornando "Nunca" um manifesto contra a opressão.