Mwangolé (O guerrilheiro)

Resistência e identidade nacional em “Mwangolé (O guerrilheiro)”

A música “Mwangolé (O guerrilheiro)”, de David Zé, retrata de forma direta o cotidiano dos combatentes angolanos durante a luta pela independência. A letra destaca as dificuldades enfrentadas pelos guerrilheiros, como a fome, as chuvas constantes, as doenças e a distância da família, especialmente em datas festivas. Ao repetir “este é o preço da revolução”, o artista evidencia que a conquista da liberdade exigiu sacrifícios profundos e uma grande capacidade de resistência, elementos que dialogam com o contexto histórico da guerrilha em Angola, especialmente nas regiões do Maiombe e do Leste.

Outro ponto importante da canção é a crítica ao imperialismo, principalmente à tentativa de dividir Angola ao afirmar que Cabinda não faz parte do país. David Zé ironiza essa postura ao dizer: “Mas ele nunca disse nunca que Alaska não é América” (Mas ele nunca disse que o Alasca não é América), mostrando a incoerência dessas narrativas externas. A música também faz um apelo à união dos principais movimentos de libertação (MPLA, FNLA, UNITA), defendendo que só a prática da unidade impediria o avanço das forças contrárias à independência. O refrão “É Mwangolah, é Mwangoleéh, é Mwangolaah” serve como um grito de afirmação da identidade angolana, já que “mwangolé” significa “angolano”, reforçando o sentimento de pertencimento e resistência coletiva. Assim, a canção se destaca como um símbolo de coragem, união e afirmação nacional diante das tentativas de fragmentação e dominação estrangeira.