Qui Nem Judeu

Contrastes e identidade em “Qui Nem Judeu” de DBS e a Quadrilha

“Qui Nem Judeu”, de DBS e a Quadrilha, explora o contraste entre ostentação e vulnerabilidade para retratar a vida de jovens negros no Rio de Janeiro. O título faz referência ao estereótipo de judeus como pessoas econômicas, mas subverte essa ideia: “Só não consigo poupar, que nem judeu” mostra um personagem que gasta tudo o que tem, vivendo o presente sem pensar no futuro. Essa escolha destaca a intensidade e a urgência de quem enfrenta a incerteza diariamente.

A letra descreve uma noite de excessos em Copacabana, com carros de luxo, festas, mulheres e drogas, mas também evidencia a tensão constante de quem vive à margem. O trecho “Se não é pagodeiro ou joga futebol (nego) / Zé povinho especula até umas hora” expõe o preconceito enfrentado por jovens negros que ostentam riqueza fora dos padrões esperados. O uso de gírias e referências à criminalidade, festas e relações casuais reforça o tom urbano e direto da música. A repetição de “nego” e “neguim” marca a identidade e a resistência do grupo. Ao incorporar elementos da faixa “Srs. Passageiros” do Face da Morte, a música dialoga com a tradição do rap nacional, misturando crítica social e celebração da sobrevivência nas periferias.