Get Got

Caos e alienação em “Get Got” do Death Grips

Em “Get Got”, do Death Grips, a repetição intensa de “get, get, get, get, got, got, got, got” transmite uma sensação de urgência e simula um estado mental sobrecarregado, como se a mente estivesse presa em um ciclo de estímulos automáticos. A produção sonora reforça essa atmosfera caótica, usando samples globais, como um toque de celular do Oriente Médio e ruídos de impressora, para criar um ambiente de desorientação que reflete o conteúdo da letra.

A letra mistura imagens de perseguição e fuga, como em “blood rush to my head lit hot lock” (“o sangue sobe à minha cabeça, trava quente”) e “red light flash, dem stop I smash” (“luz vermelha pisca, eles param, eu arrebento”), sugerindo tanto uma fuga literal, possivelmente da polícia, quanto uma batalha interna com a própria sanidade. Expressões como “lycanthropic manic cycles” (“ciclos maníacos licantropicos”) e “fire water burnin' bibles” (“água ardente queimando bíblias”) ampliam o clima de transformação e rebeldia, evocando estados alterados de consciência e rejeição de normas sociais. O verso “born wit' a ski mask on my face” (“nascido com uma máscara de esqui no rosto”) reforça a ideia de alguém que já nasceu à margem, sempre em conflito com o sistema e com a própria mente. Assim, a música canaliza o caos do mundo moderno, misturando paranoia, alienação e resistência em uma experiência intensa e fragmentada, tanto na letra quanto na produção.