Shotgun

Desespero e autodestruição em “Shotgun” de Decalius

Em “Shotgun”, Decalius explora de forma direta e intensa o sentimento de impotência diante da dor e da solidão. A repetição de “It's useless” (“É inútil”) evidencia a resignação do protagonista, que se vê incapaz de mudar sua situação. Esse tom cru e sem filtros é característico do DSBM (Depressive Suicidal Black Metal), gênero ao qual Decalius pertence, e reforça a tradição de expor emoções extremas de maneira honesta e sem suavizações.

A imagem da “shotgun” (“espingarda”) e da “lonely chair” (“cadeira solitária”) funciona como uma metáfora sombria para o desejo de autodestruição. O próprio personagem deixa claro que não se trata apenas de pessimismo, mas de uma visão realista sobre o fim: “I'm not pessimist when I said / It's all over for me / I am realistic” (“Não sou pessimista quando digo / Acabou para mim / Sou realista”). A linguagem agressiva e profana, como em “Fuck you / Fuck everyone” (“Foda-se você / Foda-se todo mundo”), expressa raiva e frustração, ampliando o isolamento do protagonista. A referência aos “walls stained with blood and failure” (“paredes manchadas de sangue e fracasso”) conecta o ambiente físico ao estado emocional, mostrando como a dor e o fracasso invadem todos os aspectos da vida do personagem. No trecho final, a enumeração de perdas — “No more days / No more months / No more years / No more loneliness / No more pain / No more life” (“Sem mais dias / Sem mais meses / Sem mais anos / Sem mais solidão / Sem mais dor / Sem mais vida”) — revela o desejo de aniquilação total, onde o fim da vida surge como o único alívio possível para o sofrimento. “Shotgun” é, assim, um retrato cru do desespero e da busca por escape diante do vazio existencial.