Picareta (part. Savanah e Rennan da Penha)

Fogo no baile: “Picareta (part. Savanah e Rennan da Penha)”

A faixa alterna vozes e papéis: a masculina dispara “pega minha picareta” e a feminina responde “pega na minha buceta”, transformando a grosseria em jogo de poder e resposta. “Picareta” opera no duplo sentido — ferramenta e falo — reforçado por “pica preta”. Já “bota” funciona tanto como comando de pista quanto gíria sexual, criando um mantra físico que conduz quem dança.

O encontro de Deejay Telio (afrobeat) com Rennan da Penha (funk 150 BPM, Baile da Gaiola) explica a estrutura hipnótica de comandos repetidos. O refrão “bota, bota, bota” age como palavra de ordem e como percussão, enquanto os cortes “bo-bo-bo-bota” imitam estalos de batida. Não há narrativa tradicional; é peça performática moldada para o corpo. A linguagem é direta, explícita e típica do funk carioca, buscando choque e euforia. Quando o enunciado muda de “fica quieta” para “fico quieta”, surge a virada de foco e de agência, num call-and-response de pista entre Telio, Savanah e a multidão. O resultado é uma energia sexualizada e brincalhona, impulsionada pela fusão afrobeat + 150 BPM, em que a letra atua como gatilho rítmico do coletivo: obedecer ao comando, dançar e entrar no transe do groove.