Burn

Vingança e poder feminino em "Burn" do Deep Purple

"Burn", do Deep Purple, transforma a figura da mulher acusada de bruxaria em um símbolo de vingança e poder. A letra narra a história de uma mulher desacreditada e chamada de mentirosa pela comunidade, que responde com uma retaliação devastadora. Trechos como “She makes you burn with a wave of her hand” (Ela faz você queimar com um aceno de mão) e “The city's a blaze, the town's on fire” (A cidade está em chamas, a cidade está pegando fogo) mostram que o fogo representa tanto a destruição literal quanto a fúria e a justiça que ela impõe aos que a condenaram injustamente. O refrão “Burn!” reforça a intensidade do castigo, enquanto versos como “You know we had no time / We could not even try” (Você sabe que não tivemos tempo / Nem sequer pudemos tentar) sugerem o arrependimento tardio daqueles que ignoraram os avisos.

O contexto histórico da música, inspirado nas perseguições a mulheres acusadas de bruxaria, ganha força com a ambientação apocalíptica: “The sky is red, I don't understand” (O céu está vermelho, eu não entendo) e “Earth was shakin', we stood and stared” (A terra tremia, nós ficamos parados olhando) criam um cenário de caos e destruição inevitável. A canção também funciona como crítica à intolerância e ao preconceito, mostrando as consequências de julgar e marginalizar alguém sem provas. Ao dar à personagem feminina o controle do destino da cidade, a música subverte o papel tradicional de vítima e transforma a narrativa em um hino sobre justiça, poder e as consequências de ignorar o diferente. O riff marcante, inspirado em "Fascinating Rhythm" de Gershwin, amplifica a sensação de urgência e tensão.