MX

Ironia e crítica ao universo do rock em “MX” do Deftones

Em “MX”, do Deftones, o diálogo entre Chino Moreno e Annalynn Cunningham destaca a ironia e o deboche em relação aos clichês do universo do rock. A frase final, “fucking rockstar”, evidencia essa crítica ao expor a superficialidade e os excessos associados à fama. O jogo de perguntas e respostas entre os dois, abordando temas como “girls”, “money” e “new clothes”, revela de forma direta o hedonismo e a busca vazia por prazer. Quando a mulher questiona o que recebe em troca, a resposta “thirty nights of violence and sugar to love” (trinta noites de violência e açúcar para amar) mistura promessas intensas e destrutivas, reforçando o tom provocativo da música.

A letra alterna entre desejo e tédio, como em “You’re sweet, but I’m tired of proving this love” (“Você é doce, mas estou cansado de provar esse amor”) e “you’re a bore, but you move me, like a movie that you love” (“você é entediante, mas me move, como um filme que você ama”). Esses versos mostram uma relação marcada por atração física, mas também por desgaste e desinteresse. O refrão “closer to the lung, so I can shove her over the railing” (“mais perto do pulmão, para que eu possa empurrá-la sobre o corrimão”) sugere uma tensão agressiva, talvez metafórica, sobre ultrapassar limites emocionais ou físicos. O título “MX” é ambíguo: pode se referir ao riff inspirado em Max Cavalera, ao motocross (esporte favorito de Chino) ou a uma mulher misteriosa, ampliando o clima de provocação. A participação de Annalynn reforça a crítica à figura do “rockstar” e à dinâmica de poder e desejo nas relações, tornando “MX” uma faixa que expõe sem pudor as contradições do universo retratado.