Goon Squad

Autenticidade e ruptura em “Goon Squad”, do Deftones

A arquitetura sonora de “Goon Squad” encena a própria mensagem: “waves of contrast” (ondas de contraste) viram uma introdução serena que explode num riff pesado, a forma recusando o molde. Quando Chino canta “I’m breaking in with all my friends” (estou entrando à força com todos os meus amigos), ecoa o nascimento colaborativo da faixa e o riff repetitivo — marca que o próprio Chino apontou como som típico do Deftones e faísca do início da banda.

O narrador se impõe: “I carve my name across your towns” (gravo meu nome por suas cidades) deixa marca; “cut inside before the trends begin” (me infiltrar antes de as tendências começarem) anuncia vanguarda. Ele descarta o que superou — “cutting out all the same shit I’ve outgrown” (cortando a mesma merda que já superei) — e reivindica autoria: “I’m bringing it in style myself” (eu mesmo estou trazendo isso com estilo) e “Designed for you…designed by me” (feito para você... feito por mim). O tom é de confiança: “with ease no sweat” (com facilidade, sem esforço).

A letra afronta poder e status: “I see the crowns and I forget the couture” (vejo as coroas e esqueço a alta-costura) rejeita hierarquias e vitrines; “I watch the kingdoms fold” (vejo os reinos cederem) sugere fazê-los dobrar. O convite “So are you in?” (então, você está dentro?) transforma a recusa individual em ação coletiva. E o ritual de desapego surge em “Before we get down we must prepare the heart strings / To cut all the ties” (antes de começarmos, precisamos preparar as cordas do coração / para cortar todos os laços), sugerindo um duplo sentido entre emoção e as cordas que sustentam o som. No conjunto, “Goon Squad” celebra autenticidade e reinvenção: a banda afina seu timbre enquanto a voz promete ditar, não seguir, tendências.