Que Parva Que Eu Sou

A Crítica Social em 'Que Parva Que Eu Sou' da Deolinda

A música 'Que Parva Que Eu Sou' da banda portuguesa Deolinda é um retrato crítico e irônico da realidade enfrentada por muitos jovens da chamada 'geração à rasca', expressão usada em Portugal para descrever a situação precária de jovens adultos no mercado de trabalho. A letra, carregada de sarcasmo, aborda a desilusão com a promessa de que a educação levaria a uma vida profissional estável e recompensadora.

A narradora da canção se autodenomina 'parva' por aceitar passivamente uma condição de vida sem remuneração adequada e perspectivas limitadas, mesmo tendo estudado e se esforçado. A repetição da frase 'Que parva que eu sou' funciona como um lamento pela ingenuidade de acreditar em um sistema que promete recompensas por meio da educação, mas que na realidade impõe uma espécie de escravidão moderna, onde mesmo os mais qualificados lutam para sobreviver.

A música também toca em questões pessoais e sociais mais amplas, como a dependência da 'casinha dos pais' e o adiamento de planos de vida, como ter filhos ou casar, devido à instabilidade financeira. O refrão é um chamado à reflexão sobre a estrutura social que exige qualificação para, paradoxalmente, manter as pessoas em posições de subordinação. A canção termina com uma mudança de perspectiva, onde a narradora rejeita a ideia de ser 'parva' e reconhece a necessidade de mudança, sugerindo uma tomada de consciência e possível mobilização para a transformação dessa realidade.