ACENDE PUXA i PASSA

Ritual coletivo e crítica social em “ACENDE PUXA i PASSA”

Em “ACENDE PUXA i PASSA”, DEREK (Trap BR) utiliza o refrão repetitivo “Acende e puxa e passa, passa” para destacar o ritual coletivo de fumar maconha, que vai além do simples ato: representa o compartilhamento de experiências e a união diante das dificuldades enfrentadas na periferia. Esse gesto coletivo funciona como um escape temporário da realidade marcada pela presença constante da polícia e pelo sentimento de perseguição, evidenciado na pergunta direta: “Por que a gente tá sempre na mira?”. Essa frase reforça o sentimento de injustiça e marginalização vivido por jovens das favelas, um tema recorrente no trap nacional e na trajetória do próprio DEREK.

A letra também aborda a ostentação, citando marcas de luxo e a riqueza conquistada através do trap, mas contrapõe esse sucesso material com uma reflexão sobre valores mais profundos: “Dono do ouro e da prata é Jesus / E ninguém leva nada da Terra”. Esse trecho mostra uma consciência de que o dinheiro é passageiro e sugere uma busca por algo além do material. Quando DEREK diz “Se não fosse o trap, não fosse a Recayd / De fato eu tinha sacado essa peça”, ele revela que a música foi uma alternativa à criminalidade, mostrando o trap como caminho de ascensão social e afastamento de escolhas perigosas. Assim, a música equilibra celebração, crítica social e autocrítica, retratando a complexidade da vida na periferia e a importância da coletividade para enfrentar as adversidades.