Scooby Doo (part. Abbot)

Racismo, superação e cultura pop em “Scooby Doo” de DEREK

Em “Scooby Doo (part. Abbot)”, DEREK (Trap BR) utiliza o título do famoso desenho animado como uma metáfora para a busca por soluções e superação de desafios no cotidiano das periferias. A escolha conecta o universo do trap ao mundo lúdico do desenho, sugerindo que a vida nas ruas é repleta de mistérios e obstáculos a serem desvendados, assim como nas aventuras de Scooby-Doo. Essa abordagem se destaca por trazer uma perspectiva criativa para temas sérios, como a luta diária e a necessidade de resiliência.

A música faz uma crítica direta ao racismo policial, especialmente no verso “Policia racista já sente o cheiro (fuck police)” — uma denúncia clara do preconceito enfrentado por jovens negros nas periferias. Além disso, a letra mistura ostentação e sobrevivência, usando marcas como Levi’s e BAPE para simbolizar o desejo de ascensão social e conquistas materiais. Trechos como “blocos e blocos em cima de blocos, levando esse cash na bolsa da Levis” reforçam a busca por dinheiro e sucesso. Referências a armas, como “two-two-three” (calibre de arma), e expressões como “fuga na blaze” e “nego vivendo com peça” mostram o clima de tensão e a necessidade de proteção. Apesar disso, a música também valoriza a lealdade à família e aos parceiros, como em “família linda mas nova gestão” e “noi' tem uns cara que mata por noi'”.

O refrão “Scooby Dooby Doo” funciona como um momento de leveza em meio à dureza do cotidiano, mostrando que, apesar das dificuldades, os personagens seguem em frente, desvendando seus próprios mistérios e buscando uma vida melhor. A combinação de gírias, ostentação, crítica social e referências culturais cria uma narrativa autêntica sobre os desafios e conquistas de quem vive à margem, mas não deixa de sonhar.