Micheque

Crítica política e ironia em "Micheque" do Detonautas Roque Clube

"Micheque", do Detonautas Roque Clube, transforma um escândalo político brasileiro em uma sátira musical direta e irônica. O título faz um trocadilho com o nome da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, referenciando os depósitos de R$ 89 mil feitos por Fabrício Queiroz em sua conta, tema central da letra. O refrão repetitivo – “A grana que entrou na sua conta é do Queiroz?” – reforça o questionamento público sobre a origem do dinheiro, refletindo a indignação popular e a cobrança por explicações nunca dadas de forma convincente.

A música também utiliza apelidos críticos para os filhos do ex-presidente: “Zero 1 é Willy Wonka” faz alusão à suspeita de lavagem de dinheiro em uma loja de chocolates, enquanto “Zero 2 é Bananinha” e “Zero 3 Tonho da Lua” ironizam Eduardo e Carlos Bolsonaro, associando-os a personagens caricatos e sugerindo falta de seriedade. O verso “Passa o dia conspirando / Arrumando confusão / Mas é tudo gente boa / Gente de bom coração” é claramente sarcástico, destacando o contraste entre a imagem pública e as ações suspeitas da família. O tom direto se mantém ao longo da canção, especialmente nos versos “Se liga rapá, quem tu tá pensando que enganou?” e “Nunca me enganou / Então responde logo / Como que essa grana aí entrou?”, mostrando a cobrança por transparência.

O impacto da música foi tão grande que levou Michelle Bolsonaro a registrar queixa por ofensa e difamação, evidenciando como a crítica musical pode incomodar figuras do poder. "Micheque" reforça a postura do Detonautas Roque Clube como uma banda engajada, que utiliza o sarcasmo e a crítica social para provocar o debate público no Brasil.