Santa Maria da Feira

Conexão e saudade em “Santa Maria da Feira” de Devendra Banhart

“Santa Maria da Feira”, de Devendra Banhart, explora o contraste entre a leveza do cotidiano e um desejo profundo de conexão emocional. A letra traz imagens simples e prazerosas, como “comiendo pera en Santa Maria de la Feira” (comendo pera em Santa Maria da Feira) e “jugando en el mar, en la arena” (brincando no mar, na areia), que refletem a influência da experiência do artista na cidade portuguesa. Apesar desse cenário acolhedor, a música é marcada por uma sensação de espera e saudade, especialmente nas menções a Inaniel, figura que simboliza a busca por intimidade e completude: “Esperando a Inaniel y rezando por su calor, por su aliento sobre mi piel” (Esperando por Inaniel e rezando pelo seu calor, pelo seu sopro sobre minha pele).

A hospitalidade e a simplicidade do local aparecem em versos como “la gente buena, solo goza, nunca hay pena, pa' que sufrir?” (as pessoas boas só aproveitam, nunca há tristeza, pra que sofrer?), mas mesmo nesse ambiente, o personagem sente uma ausência. Isso fica claro em “me recuerdo, hacía calor pero tenía frio, me iba a morir” (lembro que fazia calor, mas eu sentia frio, eu ia morrer), mostrando que o calor físico não supre o frio emocional da saudade. Ao final, nomes como Bianca, Paloma e Angelina sugerem reencontros ou lembranças de pessoas importantes, reforçando o tema do desejo de proximidade e da alegria nos pequenos momentos de conexão. A canção, assim, equilibra o prazer do presente com a esperança de um encontro transformador, mantendo um tom intimista e contemplativo.