That's Good

Desejo coletivo e ironia em "That's Good" de Devo

Em "That's Good", Devo utiliza ironia para transformar o desejo universal pelo que é bom em uma crítica ao consumismo e à competição. A repetição de frases como “Everybody wants a good thing” (Todo mundo quer uma coisa boa) e “Everybody's looking for the same thing” (Todo mundo está procurando a mesma coisa) destaca como todos buscam o mesmo objetivo, o que pode gerar conflitos e frustrações quando o "bom" se torna um recurso disputado. Segundo Gerald Casale, a música questiona o que acontece quando todos querem exatamente o que você quer, levantando dúvidas sobre a possibilidade de satisfação coletiva nesse contexto.

A letra explora a linha tênue entre o essencial e o supérfluo, como em “There's some things that you can't do without / And that's good” (Há coisas das quais você não pode abrir mão / E isso é bom) e “Maybe some things that you can do without / And that's good” (Talvez algumas coisas das quais você possa abrir mão / E isso é bom). Isso sugere que a felicidade pode estar tanto em conquistar quanto em abrir mão de certas coisas, desafiando a lógica consumista. Metáforas simples, como “Life's a bee without a buzz / It's going great till you get stung” (A vida é uma abelha sem zumbido / Está indo bem até você ser picado), mostram que a busca pelo prazer pode trazer consequências inesperadas. O videoclipe, censurado por brincar com duplos sentidos sexuais e consumistas, reforça a crítica à cultura do desejo imediato. Mesmo usada em um comercial de banco, a música mantém sua sátira ao mostrar como até a crítica ao consumismo pode ser absorvida pelo próprio sistema.