Olha a Rima

Humor e duplo sentido em "Olha a Rima" de Dicró

Em "Olha a Rima", Dicró se destaca pelo uso inteligente do humor e do duplo sentido. Ele conduz o ouvinte até o limite de rimas que sugerem palavrões ou termos pejorativos, mas sempre para antes de completá-las. Esse recurso cria uma expectativa divertida, pois o público percebe o que seria dito, mas nunca ouve o termo explícito. O refrão “Olha a rima, o negócio é rimar... Perigosa é a rima que dá!” reforça essa tensão entre o permitido e o proibido, mostrando como a rima pode ser "perigosa" justamente por sugerir o que não se pode falar abertamente.

A letra também retrata o cotidiano do subúrbio carioca, trazendo personagens e situações familiares, como a “menina namoradeira” e o “rapaz que fala mansinho”. Dicró utiliza essas figuras para criar situações em que a rima quase descamba para o palavrão, mas ele sempre se esquiva, mostrando sua habilidade com o duplo sentido. Um exemplo é o verso “Doença que eu não conheço, eu chamo de grungunhanha / Mulher que namora demais, todos dizem que é...”, em que o ouvinte completa mentalmente a rima, participando da piada. Assim, a música celebra a criatividade popular e faz uma crítica bem-humorada aos tabus e convenções sociais.