Tata Tancredo – O Papa Negro no Terreiro do Estácio

Relação entre samba e ancestralidade em “Tata Tancredo – O Papa Negro no Terreiro do Estácio”

A música “Tata Tancredo – O Papa Negro no Terreiro do Estácio”, de Diego Nicolau, celebra a forte conexão entre o samba carioca e as tradições afro-brasileiras, especialmente a umbanda e o candomblé. A letra destaca como elementos simples do cotidiano do samba, como a "lata de banha pra fazer o instrumento", se transformam em símbolos de resistência e criatividade diante das dificuldades históricas vividas pela comunidade negra. Tata Tancredo é apresentado como "guardião e testemunha" e "o primeiro fundamento da curimba e da mumunha", mostrando seu papel central não só como líder religioso, mas também como referência cultural e espiritual no Estácio de Sá, bairro fundamental para a história do samba no Rio de Janeiro.

A canção traz diversas referências diretas às religiões de matriz africana, como "Ogum é Tata na Estácio de Sá" e "Kaô meu pai, foi Xangô quem ordenou", associando a trajetória de Tata Tancredo à proteção e força dos orixás. Termos como "firma ponto no gongá" e "pemba de riscar" remetem a rituais de terreiro, enquanto "macumba é macumba, canjerê, mojubá" reforça o orgulho dessas práticas, frequentemente alvo de preconceito. O samba também valoriza a união da comunidade – "todo povo da cidade num só canto contra o quebranto firma no batuquejê" – e exalta a cura, a fé e a ancestralidade como pilares do samba e da cultura carioca. Assim, a música reafirma o compromisso do Estácio de Sá em valorizar as raízes africanas e a importância de figuras como Tata Tancredo na preservação dessas tradições.