Reflexo

Hipocrisia social e racismo estrutural em “Reflexo”

Em “Reflexo”, Dillaz faz uma crítica direta à hipocrisia social e ao racismo estrutural. Logo no início, ele destaca como o preconceito é ensinado e perpetuado, especialmente na linha “Ensinas-te o teu filho a odiar o que é preto / A droga que ele fuma é vendida por brancos”. Nessa passagem, Dillaz evidencia a contradição entre o racismo passado de geração em geração e a realidade do tráfico de drogas, mostrando que a sociedade que discrimina também consome e lucra com aquilo que condena. Essa abordagem revela como o preconceito é mantido por estruturas sociais que se beneficiam das próprias desigualdades que criam.

O refrão “Aquilo que eu vejo é o reflexo, sem nexo então” reforça a ideia de que as injustiças e desigualdades são um espelho distorcido da sociedade, sem lógica ou justificativa. Dillaz também aborda a sensação de opressão e falta de perspectivas para quem cresce em ambientes marginalizados, usando expressões como “vivemos na névoa” e “zona sem saída” para transmitir o sentimento de aprisionamento social. Metáforas como “do gym pra cela” ilustram o ciclo entre criminalidade e repressão. Ao mencionar “A escutar a chamada telefónica / E nunca é na próxima que dizes que não”, ele critica a cultura do medo e da vigilância constante sobre a juventude. No final, Dillaz sugere que todos acabam sendo reflexos desse sistema desigual, mostrando que as divisões sociais são construções sem sentido real, apenas “reflexos, sem nexo”.