Linger

“Linger”: a súplica de Dino Fonseca entre apego e perda

A palavra linger carrega duplo sentido aqui: o que permanece de um amor e o sofrimento que o outro prolonga. Na leitura acústica de Dino Fonseca, gravada ao vivo em “Ao Vivo em São Paulo - Acoustic Sessions 2”, a pergunta “Do you have to let it linger?” (Você precisa deixar isso perdurar?) vira súplica direta. A letra expõe a confiança quebrada: promessas de fidelidade — “I swore I would be true / And honey, so did you” (Eu jurei que seria fiel / E, meu bem, você também) — ruem diante do flagrante: “So why were you holding her hand?” (Então por que você estava segurando a mão dela?). O verso “Was it just a game to you?” (Pra você era só um jogo?) contrasta com o ideal romântico de quem canta: “I thought the world of you” (Eu achava que você era tudo pra mim).

Há uma luta entre partir e continuar preso. “I’m in so deep” (Estou envolvido demais) e “You got me wrapped around your finger” (Você me tem na palma da sua mão) revelam dependência e manipulação. Mesmo ferido, ele tenta negociar uma volta que não destrua nem apague o que resta: “don’t let it burn / don’t let it fade” (não deixe isso queimar / não deixe isso se apagar). O fio final de esperança surge em “If you could get by trying not to lie” (Se você conseguisse levar isso adiante tentando não mentir), mas o desequilíbrio já está dado: “you always really knew I just wanna be with you” (você sempre soube que eu só quero estar com você). Daí a sensação de uso e confusão: “I wouldn’t feel so used” (eu não me sentiria tão usado). Vindo do clássico de 1993 do The Cranberries, Dino preserva a melancolia e, ao depurar a instrumentação, realça o núcleo da canção: apego que não solta e dor prolongada por quem evita encerrar de vez.