Aurélio

Crítica irreverente à norma culta em “Aurélio” de Diogo Defante

A música “Aurélio”, de Diogo Defante, faz uma crítica bem-humorada e direta à autoridade do dicionário Aurélio e à imposição das regras da norma culta da língua portuguesa. Logo no início, Defante usa frases como “quem é esse Aurélio que me diz como eu devo escrever?” e “foda-se a norma culta que ele inventou” para escancarar sua insatisfação com a padronização da linguagem e a ideia de que existe uma forma “correta” de falar e escrever, geralmente imposta por figuras de autoridade e instituições. O tom irônico aparece também quando ele cita exemplos de regras gramaticais consideradas confusas ou arbitrárias, como “S que tem som de Z” e “N que tem som de M, mas antes de P e de B tu não pode usar”.

Defante também critica o sistema educacional, mostrando como muitos estudantes apenas decoram regras para passar nas provas, sem realmente absorver o conteúdo: “Na prova nós cola e faz do jeito que eles querem / Só pra tirar boa nota / Acabando a escola / É como eu quiser”. Ele sugere que, fora da escola, as pessoas se expressam de forma mais livre, ignorando as normas impostas. Ao dizer “Sei da tua importância / Mas tu ficou démodé / A escrita não é mais a mesma / Desde o ICQ”, o artista destaca como a internet e as redes sociais mudaram a forma de se comunicar, tornando o dicionário Aurélio e suas regras menos relevantes. Com humor e exagero, Defante satiriza a figura do “guardião da língua” e valoriza a liberdade de expressão, reforçando seu estilo irreverente e crítico.