Counting Blue Cars

Infância e espiritualidade em "Counting Blue Cars"

Em "Counting Blue Cars", do Dishwalla, a escolha de se referir a Deus no feminino — “'Cause I would really like to meet her” (“Porque eu realmente gostaria de conhecê-la”) — desafia convenções religiosas e destaca a perspectiva inocente e questionadora da infância. Essa decisão foi inspirada por uma conversa real do vocalista J.R. Richards com um menino de 10 anos, o que gerou polêmica e até ameaças, mostrando como uma simples inversão de gênero pode provocar debates profundos sobre espiritualidade e identidade.

A letra traz imagens do cotidiano infantil, como “contar carros azuis” e “evitar rachaduras na rua”, criando um contraste entre a simplicidade dos gestos das crianças e a complexidade das perguntas existenciais. O ato de contar carros azuis simboliza a busca por sentido nas pequenas coisas, enquanto perguntas como “Tell me all your thoughts on God? Tell me am I very far?” (“Conte-me todos os seus pensamentos sobre Deus? Diga-me, estou muito longe?”) revelam uma curiosidade genuína diante do desconhecido. A música transmite tanto inocência quanto inquietação, mostrando que, mesmo na infância, surgem dúvidas profundas sobre identidade e propósito.

Ao longo da canção, a repetição das perguntas e a caminhada do narrador com a criança sugerem uma jornada de autodescoberta, onde questionar é mais importante do que encontrar respostas. A referência a Deus como "her" funciona como provocação e convite à reflexão, reforçando que, para as crianças, o mundo e o divino ainda estão abertos a interpretações e possibilidades.