Outro Rapaz

“Outro Rapaz” e a queda do sonho diante da rejeição

Os “mas” atravessando os versos funcionam como cortes de realidade, marcando o instante em que a esperança cede. E “aquele lugar” não é só cenário: é a âncora afetiva que sustenta o desejo, um recurso típico do brega paraense que Ditão representa. A narrativa parte de um sonho de reencontro — “Sonhei com você… naquele lugar onde te conheci a primeira vez” — e de uma paixão assumida sem medida — “A minha paixão é grande demais”. Mesmo sem resposta, o eu lírico insiste: “No dia seguinte de toda maneira quero você”, expondo a teimosia amorosa e a idealização que o brega transforma em drama cotidiano.

A virada é direta: “Depois que apareceu aquele outro rapaz”, tudo que ele tentou “foi em vão”. A esperança se desloca para a dor, condensada no refrão de lamento: “A minha loucura por você é demais/Como tá doendo o meu coração”. A palavra “loucura” opera como hipérbole típica do gênero, acentuando o exagero emocional que marca o brega do Pará, com melodias românticas e letras de desilusão. “Outro Rapaz” cristaliza o amor não correspondido: a lembrança como refúgio, a repetição como insistência afetiva e o choque com a realidade quando a pessoa amada escolhe “outro rapaz”, deixando o narrador preso entre o sonho que retorna e a perda que não cessa.