Minha Mãe

Solidão e resistência materna em “Minha Mãe” de Djavan

Em “Minha Mãe”, Djavan retrata a solidão, o sofrimento e a força de uma mulher que enfrenta o julgamento social. A imagem do “descampado” e da espera exaustiva, expressa em versos como “Tava morta / Com jeito de agonia”, revela o abandono e a dor silenciosa da protagonista. A letra faz referência a uma gravidez oculta, evidenciada em “A disfarçar a barriga / Dos risos da fantasia”, mostrando o peso do preconceito e a necessidade de esconder uma gestação fora dos padrões aceitos. O termo “Filho do pecado” reforça a ideia de culpa e marginalização, ao mesmo tempo em que expõe o desejo de aceitação e compreensão diante da sociedade.

A relação de Djavan com sua mãe, Virginia Viana, que criou os filhos sozinha em meio a dificuldades, está presente na atmosfera de luta e resiliência da música. O trecho “Fingindo ter / Nos meus olhos / Um sol que nunca podia” mostra a tentativa de manter esperança e alegria mesmo diante das adversidades. As referências às procissões e aos “velhos nos caramanchões” sugerem um ambiente tradicional e conservador, onde a protagonista observa a vida passar enquanto lida com sua dor e espera. Assim, “Minha Mãe” se destaca como um retrato sensível da busca por afeto materno, compreensão e pertencimento, ao mesmo tempo em que denuncia o sofrimento causado pelo preconceito e pela solidão.