O Vento

Referências simbólicas e amor atemporal em “O Vento” de Djavan

"O Vento", de Djavan, destaca-se por unir referências bíblicas e mitológicas para expressar um amor que ultrapassa limites de tempo e espaço. Termos como "costela-de-Adão" remetem à criação da mulher na tradição judaico-cristã, sugerindo uma ligação essencial e profunda entre os amantes. Já o "pé de romã" simboliza fertilidade e abundância, ampliando o sentido de plenitude e o desejo de continuidade na relação. A letra reforça essa conexão ao chamar a amada de "minha mulher, minha irmã, minha cara metade", mostrando uma relação que é ao mesmo tempo carnal, espiritual e fraterna.

O vento, elemento central da canção, é apresentado como mensageiro e agente de transformação. Ele traz notícias, marca o início do dia e serve de ponte entre distâncias físicas e emocionais, ao ser invocado para "levar" e "trazer" a amada. A referência à "flauta de Pã" conecta a música à mitologia grega, evocando o deus Pã, símbolo da natureza, da música e do desejo, e sugere que o vento pode ensinar a arte de encantar e seduzir. Dessa forma, "O Vento" celebra a união amorosa, a fertilidade e a busca por harmonia, tudo envolto na leveza e contemplação características da musicalidade de Djavan e da poesia de Ronaldo Bastos.